Lula assina decreto que proíbe educação à distância para medicina, direito e enfermagem 4l6v36

Novas diretrizes para cursos EAD determinam mais aulas presenciais, limite de alunos por professor e infraestrutura obrigatória nos polos

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Foto: Ricardo Stuckert
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Decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (19) determina que os cursos superiores de Medicina, Direito, Odontologia, Enfermagem e Psicologia só poderão ser ofertados no formato presencial. A medida faz parte da Nova Política de Educação a Distância (EAD) e foi anunciada em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília.

Outros cursos da área da saúde e licenciaturas poderão ser ofertados de forma presencial ou semipresencial (híbrida), mas não exclusivamente a distância.

Segundo o Ministério da Educação (MEC), o novo marco regulatório prioriza a qualidade da formação, a presença de professores qualificados, infraestrutura adequada nos polos de apoio presencial e mais interação com os estudantes.

“O foco é o estudante e a valorização dos professores. Queremos garantir uma formação rica e integral, mesmo com a distância física”, afirmou o MEC, em nota.

O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou que o decreto estabelece regras mais claras para manter a qualidade no ensino. “A EAD pode ser uma experiência rica, mas depende do compromisso de todos com o processo de ensino-aprendizagem”, disse.

As instituições de ensino superior terão dois anos para se adaptar às novas regras.

Principais mudanças no ensino superior a distância c5m4j

Entre as principais novidades do decreto estão:

  • Limite de 70 alunos por professor ou mediador pedagógico em aulas online ao vivo;
  • Criação do modelo semipresencial, com atividades físicas presenciais e aulas virtuais ao vivo mediadas;
  • Mais avaliações presenciais, que deverão representar a maior parte da nota final em cada disciplina;
  • Infraestrutura obrigatória nos polos EAD, com salas de coordenação, laboratórios, ambientes de estudo e internet;
  • Proibição de compartilhamento de polos entre instituições;
  • Criação do cargo de mediador pedagógico, com formação específica e vínculo formal com a instituição — diferente dos tutores, que atuavam com tarefas istrativas;
  • Obrigatoriedade de uma avaliação presencial por disciplina curricular;
  • Controle de frequência obrigatório, inclusive para atividades virtuais síncronas.

Três formatos reconhecidos 29451k

O decreto reconhece oficialmente três modelos de ensino superior, com regras claras para cada um:

  1. Presencial: aulas majoritariamente presenciais, com até 30% da carga horária em EAD;
  2. Semipresencial (híbrido): combina aulas físicas (como estágios e laboratórios) com atividades virtuais síncronas mediadas;
  3. A distância (EAD): predominância de aulas online, mas com no mínimo 20% de atividades presenciais e/ou síncronas e avaliações presenciais obrigatórias.

Crescimento da EAD e revisão da política 31r4c

O novo decreto chega após uma explosão de matrículas na modalidade EAD. Segundo o MEC, entre 2018 e 2023, os cursos a distância cresceram 232%. Em 2023, o número de ingressantes em EAD foi o dobro do registrado em cursos presenciais.

O Censo da Educação Superior 2023 mostra que:

  • 77,2% das vagas ofertadas foram para cursos EAD (19,1 milhões);
  • Apenas 22,8% das vagas foram presenciais (5,5 milhões);
  • Na rede pública, 85% dos ingressos foram presenciais; já na rede privada, 73% dos ingressos foram em cursos a distância;
  • 3.392 municípios têm estudantes matriculados em EAD — o que representa 93% da população brasileira.

Em junho de 2024, o MEC já havia suspendido a criação de novos cursos, polos e vagas EAD até 10 de março de 2025, como parte da preparação para o novo marco regulatório.